Kemet e Vinho

Os encontros da Confraria das Pretas no momento estão acontecendo online. As confraternizações acontecem com vários temas diferentes e regados a vinho. O encontro do mês de outubro foi sobre Kemet, eu ainda estou impactada com ele e por esse motivo resolvi começar a escrever mais no blog.

Mesmo o encontro sendo online deu para transmitir muito afeto entre os participantes. Convidei a professora e historiadora especialista em relação étnicos raciais Mônica Faria, para dialogar com a gente. Ela nos contou que os Keméticos já produziam vinho bem antes do famoso Deus Baco existir.

Kemet é o verdadeiro nome do Egito, país que se localiza no norte da África. Os keméticos foram os primeiros, digamos assim a sistematizar o conhecimento. Foram os primeiros pensadores, os primeiros astrólogos e também os primeiros a fazerem o vinho e a comercializá-lo. Em kemet, o solo era bastante fértil, o que permitia o cultivo das videiras, com isso eles produziam os próprios vinhos e os deixavam reservados em ânforas. As safras ficavam inscritas nas ânforas. A professora Mônica compartilhou com a gente, fotos sobre a descoberta arqueológica de uma tumba em que fora encontrada ânforas com vinhos tintos e vinho branco.

E foi através dessas falas que nós, pretas e pretos, fomos nos acolhendo e ouvindo um ao outro. Essa conversa aconteceria regada a vinho, mas eu quis fazer uma provocação com uma degustação de espumantes que sempre vi ligado às pessoas brancas. Quem dialogou nessa degustação foi a convidada Antônia Cruz, mas conhecida como afrommeliére, a qual nos ajudou a escurecer esse dialogo rico, potente e descolonizador, tendo o vinho como testemunha.

Os encontros da Confraria acontecem uma vez ao mês e nesse período pandêmico está sendo realizado online.

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